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Doenças hídricas no Amazonas: O lado oculto das cheias

  • gilbertosantosmarc
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura
A elevação dos rios na Amazônia traz riscos invisíveis à saúde pública, favorecendo o surgimento e a propagação de doenças de veiculação hídrica.

Durante o período das cheias no Amazonas, que geralmente ocorre entre os meses de março e julho, as populações ribeirinhas e urbanas enfrentam não apenas os desafios logísticos provocados pelo avanço das águas, mas também uma série de ameaças à saúde pública. As inundações constantes favorecem a contaminação da água potável e o contato com esgotos a céu aberto, resultando em um aumento significativo das chamadas doenças hídricas.



Entre as enfermidades mais comuns estão a hepatite A, a leptospirose, a diarreia infecciosa, a febre tifoide e as verminoses. A leptospirose, por exemplo, é causada pela exposição à água contaminada com a urina de animais infectados, especialmente ratos, e representa uma grave preocupação durante as cheias, quando muitas áreas urbanas e rurais ficam alagadas. A hepatite A e as doenças diarreicas, por sua vez, são frequentemente associadas à ingestão de água ou alimentos contaminados, situação comum quando a infraestrutura de saneamento é comprometida pelas inundações.


A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS) aponta que as principais formas de transmissão dessas doenças incluem:


  1. Contato com água contaminada: Esse é o principal vetor para a transmissão da leptospirose, uma doença bacteriana que se propaga pela urina de animais infectados, especialmente ratos, presentes em áreas alagadas.


  2. Ingestão de água ou alimentos contaminados: A hepatite A, a diarreia infecciosa e a febre tifoide têm como principais formas de transmissão a ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes de indivíduos infectados. Durante as cheias, a contaminação é favorecida pela falta de saneamento básico adequado e pela inundação de esgotos.


  3. Exposição a ambientes insalubres: O aumento das enchentes pode forçar a população a morar em áreas de risco, como locais com esgoto a céu aberto e depósitos de lixo. Esse tipo de exposição aumenta a chance de transmissão de verminoses e outras doenças parasitárias.


  4. Mosquitos e vetores biológicos: Embora a água limpa seja o principal meio de propagação das doenças hídricas, os mosquitos podem ser disseminadores de outras doenças, como a dengue e a malária, que se aproveitam da água estagnada para se reproduzirem.



Além disso, o acesso limitado a serviços de saúde em regiões mais isoladas agrava o problema, dificultando o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Crianças, idosos e pessoas com baixa imunidade são os grupos mais vulneráveis às complicações dessas doenças.


Para mitigar esses riscos, é fundamental investir em saneamento básico, educação em saúde e sistemas de alerta e resposta rápida durante o período das cheias. O enfrentamento das doenças hídricas no Amazonas requer uma abordagem integrada, que considere as particularidades geográficas, culturais e sociais da região. Só assim será possível transformar as cheias de um problema sanitário em um fenômeno natural menos prejudicial à vida e à saúde da população amazônica.



O aumento das doenças hídricas no Amazonas é um reflexo direto das condições de vida em áreas vulneráveis e da falta de planejamento adequado para o manejo de crises naturais, como as cheias. A opinião de especialistas é clara: o enfrentamento desse problema exige uma abordagem sistêmica, com investimentos em infraestrutura, políticas públicas eficazes e maior atenção à educação e à prevenção. Com a intensificação das cheias e o impacto das mudanças climáticas, o combate às doenças hídricas no Amazonas deve ser uma prioridade, a fim de garantir a saúde e o bem-estar das comunidades afetadas.

 
 
 

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