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França quer construir prisão de segurança máxima na Amazônia e gera revolta

  • gilbertosantosmarc
  • há 15 minutos
  • 2 min de leitura
Projeto bilionário ameaça ecossistema amazônico e reacende memória do passado colonial da Guiana Francesa.

O governo francês anunciou a construção de uma prisão de segurança máxima para traficantes de drogas e radicais islâmicos no meio da Amazônia em Saint-Laurent-du-Maroni, no coração da Amazônia, na Guiana Francesa. O projeto, previsto para ser concluído em 2028, terá capacidade para 500 detentos e um custo estimado de US$ 450 milhões. A proposta tem gerado forte oposição local e reações internacionais.


Segundo o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, a unidade abrigará traficantes de drogas e radicais islâmicos vindos da França metropolitana, o que muitos veem como um retorno à lógica colonial da antiga colônia penal da Ilha do Diabo, ativa até 1953.


Críticos afirmam que a instalação em uma área isolada da floresta representa não apenas um retrocesso histórico, mas um risco ambiental e humano. Especialistas alertam para a violação de direitos humanos, a precariedade do sistema de saúde local e o impacto ecológico direto sobre a Amazônia, já fragilizada por pressões de desmatamento e exploração.




Papillon


O local escolhido para a prisão é também conhecido por ter abrigado o Campo Penal de Saint-Laurent-du-Maroni, colônia penal que funcionou do meio do século 19 até meados do século 20. O espaço foi usado para abrigar prisioneiros políticos franceses emblemáticos, muitos levados para a Ilha do Diabo.

Para a criminologista Marion Vannier, o projeto reforça uma “brutalidade penal”, além de ameaçar a biodiversidade e agravar as tensões sociais. Parlamentares guianenses classificam a iniciativa como “inaceitável” e denunciam a ausência de diálogo com a população local.


Organizações e lideranças regionais temem que a Amazônia se transforme em depósito para os “indesejáveis” da França — com consequências irreversíveis para a floresta e para os direitos fundamentais.


A prisão funcionou por um século e foi retratada no best-seller francês “Papillon”, uma autobiografia de Henri Charrière, que foi adaptada para dois filmes, um de 1973 e outro de 2017. Papillon era o apelido de Henri por conta de uma borboleta que ele tinha tatuada no peito.


O autor teria sido condenado por um assassinato e encaminhado ao Campo Penal. No entanto, parte das histórias contadas no livro não são verificadas. Acredita-se que ele tenha compilado histórias que viveu com as contadas por outros prisioneiros. Após fugir da colônia penal, Henri teria ido para a Venezuela. O foragido morreu no Brasil aos 78 anos.


“Depósito humano”


A Guiana Francesa é o território francês com o maior índice de criminalidade proporcional à população, com um recorde de 20,6 homicídios por 100 mil habitantes em 2023 — quase 14 vezes a média nacional.


Já Saint-Laurent-du-Maroni é um ponto estratégico devido à proximidade com Suriname e o Brasil. De lá, muitos passageiros tentam embarcar voos para o aeroporto de Orly, em Paris, transportando cocaína — seja na bagagem, seja dentro do corpo. A construção do presídio está prevista desde 2017 e a unidade será inaugurada em 2028.


Segundo o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, a localização “servirá para isolar permanentemente os chefes das redes de tráfico de drogas” de suas redes criminosas.

 
 
 

©2020 por Gilberto Marçal. 

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